Medo

É complicado de explicar... como dois planos tão próximos que após vividos resultam em reações tão diferentes... mas do quê estou falando? Da realidade e dos sonhos. O que me aturdia ainda mais é que os dois são completamente interdependentes, um não existe sem o outro, um não anula o outro, é uma atração entre dois opostos. E um mistério também... que buscarei desvendar ao longo dos meus pensamentos e experiências em ambos. Se me perguntarem, quais das sensações prefiro estar; sonhos; claro que são, não pensaria para responder. Quando menor, eu vivia de sonhos, ah, que tempo bom! Agora, não sei se posso chamá-la de intrusa ou coisa do tempo, estou falando da realidade, que entrou e não vi, foi de-repente, como se nascesse da escuridão, do nada, do ermo.
E ela sempre existiu, é uma covardia a realidade penetrar assim, dessa forma brusca e injusta, sem ao menos se importar com os sentimentos preciosos da infância que ela pode extinguir! Não! Essa palavra não! Extinguir. Me dá medo. Eu sinto medo de me perder e não conseguir mais me encontrar. Também tenho medo de não conseguir manter o equilibrio entre os meus sonhos e a realidade severa. Tenho medo. Muito medo. E mais ainda, de enfrentar tudo isso sozinha.
Um grande desarranjo está minha vida, hoje eu aji mais uma vez como uma boba, o momento ávidamente esperado durante todo o dia chato, foi entar no meu quarto, ligar o rádio e ir no ambalo do meu sonho, não esquecendo das minhas bobeiras cometidas durante o bendito dia, para depois simplesmente descontar todo o meu descontentamento com a realidade na solidão de meus sonhos. Ou eu me liberto na realidade ou eu me liberto nos sonhos. Se eu realizar meu desejo, não terei como fantasiá-lo!
O sentimento dominante é minha insegurança, até meu coração dói de tanta angústia que guardo.
Tantos problemas misturados com fantasias, preciso ainda aprender a viver para saber dividir minha vida.